A montanha de Maceió.

Publicado no Jornal Gazeta de Alagoas em 26.12.2008

Maceió possui uma paisagem natural que causa inveja a muitas capitais, destacando-se suas belas praias de mar azul com águas mornas, quase todas acessíveis para banhos no verão, inseridas na zona urbana e adornadas hoje com um caminho de tijolos vermelhos. Há, no entanto, algo de novo surgindo no relevo da cidade: uma montanha. Não é o ponto culminante do Estado, nem tão pouco da cidade, porém, já rivaliza com a altitude do Tabuleiro, sendo visível do litoral norte por trás das mansões dos Condomínios existentes. Infelizmente a montanha de Maceió é o resultado de anos de acúmulo de lixo no conhecido “lixão de Cruz das Almas”. Maceió pode até se consolar com a companhia de outras capitais e cidades maiores onde há montanhas de lixo já formadas e mais altas. Poderá se resignar com a má sorte de não poder colocar o tratamento do lixo como uma prioridade já que, a cada dia, novas necessidades surgem adicionadas às que não foram solucionadas, todas exigindo dos gestores públicos soluções imediatas e que possam lhes dar votos, muito antes de realmente atenderem ao interesse público. O assunto “lixão de Cruz das Almas” é tão conhecido como a “despoluição do Salgadinho” já tendo sido incluído nas campanhas de muitos candidatos e nunca transformado em claro projeto de Governo.

O passado nos legou uma montanha de lixo como desafio do presente que não pode ser tratado com as mesmas conversas de antes. Hoje é preciso decidir fazer e iniciar a construção do sistema de tratamento de lixo de Maceió. Os problemas decorrentes da falta de saneamento – incluindo-se a coleta, o transporte e o tratamento do lixo – devem ser resolvidos de forma integrada como parte do planejamento das cidades. Ter um bom plano com a clara visão de longo prazo e sustentabilidade, vai além do esperar que os altruístas, bem intencionados e generosos parlamentares alagoanos abram mão de parcelas de suas emendas particulares para destinar o dinheiro, que é público, para projetos como o do tratamento do lixo. Maceió já tem um projeto de engenharia, é urgente agora estabelecer um plano de ação que estabeleça o modelo de gestão que poderá viabilizar a construção e a operação da unidade de tratamento de lixo, considerando o que o mercado oferece e o poder público pode fazer para atender o interesse da sociedade. A montanha do “lixão de Cruz das Almas” já é uma agressão estética ao meio ambiente e um grave fator de degradação dos recursos hídricos e da saúde pública.

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