COLUNA PARA A REVISTA BIO Nº 20 EM 26.02.2015

Reúso e redução de perdas são oportunidades técnicas para melhorar a gestão dos serviços.

Do esgoto à água de reuso: Há alguns anos seria muito difícil convencer certos tipos de gestores, lideranças e técnicos de organizações públicas de prestação de serviços de saneamento que tecnologias avançadas ou nem tanto, se comparadas com o que acontecia na Europa, nos Estados Unidos ou no Japão, pudessem ser usadas no Brasil em tratamento de esgotos e mais ainda, funcionar.

A voz corrente era de que tecnologias trariam custos e despesas, que os trabalhadores não tinham preparo ou capacidade para ir além do simples “liga/desliga de botoeiras”, que era melhor ter sistemas como lagoas de estabilização as quais, entregues a influência da natureza e a composição do esgoto, realizariam algum tipo de tratamento. Em algumas companhias estaduais, só se aceitava lagoas de estabilização e exigiam-se bombas re-autoescorvantes para não alterar a zona de conforto de seus gestores e operadores.

A foto nesta coluna foi tirada em um laboratório de análises de esgoto em uma cidade brasileira, atestando que apesar dos baixos índices de esgoto tratado, já temos operadoras públicas e privadas realizando serviços de boa qualidade, com tecnologia e eficiência.

O que parece ser um sucesso técnico decorrente de bons projetos, boas obras e tecnologia, é resultado de boa gestão operacional e de visão empresarial voltada para mudanças de conceitos corporativo e ideológicos ainda vistos em algumas operadoras públicas de saneamento.

As áreas operacionais respondem por até 75% do quadro de pessoal das operadoras sendo importante acreditar que o uso de tecnologias, equipamentos modernos, automação e informática por seus gestores e técnicos possa contribuir e fortalecer mudanças e modelo de gestão que visem realmente melhorar a qualidade dos serviços e atender a todos. Os exemplos que o Brasil já tem de uso de modelos de gestão privados e público não pode ser desqualificado por timidez gerencial, desconhecimento intelectual e vontade de não mudar.

Transformar esgoto bruto e fétido em efluente transparente como água limpa é o mesmo que precisa continuar sendo feito na gestão empresarial das companhias estaduais de saneamento e serviços municipais para mudar.

Reduzir perdas é ação gerencial permanente: A Águas Guariroba, concessionária responsável pelos serviços de água e de esgoto de Campo Grande, será a primeira empresa de saneamento do Brasil a utilizar um sistema desenvolvido pela empresa Israelense TaKaDu para monitorar e analisar a eficiência da distribuição de água.

A tecnologia permite detectar, em tempo real, qualquer não conformidade no funcionamento da rede de abastecimento: queda de pressão, pressão elevada, possíveis vazamentos ou locais com problemas de desabastecimento, por exemplo. O objetivo é reduzir ainda mais os índices de perdas de água na cidade, que hoje é de cerca de 20% – um dos menores entre as capitais brasileiras.

Ter um sistema desses significou que todo um planejamento para estruturação da operação foi implantado e vem sendo gerenciado com foco em resultados pautados no equilíbrio empresarial do operador local e da prestação dos serviços. É uma simples equação gerencial: água produzida e não consumida tem seu fluxo monitorado para evitar perdas de água X água produzida, consumida e não faturada tem seu ciclo de produção e venda medido, para garantir a sustentabilidade financeira.

 

 

 

 

 

 

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