Fazer diferente, é a inovação principal.

Mudança de cultura e modelos de gestão continuam importantes no saneamento.

Investimentos, eficiência, regulação e fiscalização como necessidades do modelo pós-novo marco regulatório, precisam vir atreladas, unidas e determinadas pela mudança de cultura gerencial tanto para o poder público, quanto para os operadores privados.

Esta mudança não é repetir modelos tradicionais de gerenciar contratos de olho na relação CAPEX x OPEX x TIR. Isto já se faz e os avanços vêm sendo lentos. É preciso romper mais paradigmas.

Buscar fazer diferente é trabalhar de modo firme para fugir de paradigmas jurídicos, técnicos, operacionais, administrativos e gerenciais que ainda tornam o setor de saneamento tão desigual, em meio às desigualdades intrínsecas ao mundo real onde a sociedade e os prestadores públicos e privados vivem.

Salvo engano, um elemento chave para levar à universalização de modo justo e racional, é compreender a regionalização como palavra que merece ser interpretada como um arranjo institucional e administrativo, que considera a possibilidade de reunir um ou mais municípios, não somente pela economia de escala ou TIR, ou CAPEX que eles podem representar.

Ter obrigatoriamente blocos e impedir que outras soluções possam ser analisadas não parece razoável em meio as muitas exitosas experiências vividas no Brasil, desde o advento da lei de concessões de serviços públicos. E o setor de saneamento não fica atrás neste quesito, pois são verdadeiros os exemplos de sucesso.

As mudanças que ocorreram desde 2020 e começam a apresentar seus efeitos a partir deste ano de modo mais objetivo, devem servir também para que, com a oportunidade de mais cidades, em bloco ou não, sob concessões plenas ou PPPs tradicionais, sendo geridas por privados possam mostrar que fazer diferente é o caminho da inovação.

A realidade nas localidades onde já ocorreram as concessões desde 2020, mostram oportunidades para ajustes realistas na forma como a chamada tarifa social é implantada e manejada. Da mesma forma, a redução das perdas pode contar com modelos onde a eficiência seja buscada com base em performance ao invés do uso das mesmas receitas de sempre.

O uso de tecnologias e técnicas diferentes aplicadas a projetos, obras e operação, também precisam ser encaradas como formas racionais e econômicas de atingir o bem estar da sociedade, com custos capazes de gerar tarifas módicas. Exemplos não faltam de promoção do uso de inteligência artificial e soluções inteligentes aplicadas a geração de resultados empresariais, comerciais, sociais e ambientais.

Entretanto os desafios para fazer diferente ainda estão fortes no ambiente público, algumas vezes de modo justificado pelo receio de infligir normativos que limitam a capacidade de criação dos agentes públicos, outras vezes, paradoxalmente justificados pela vontade de manter zonas de conforto.

Sem dúvidas, o mercado, com base nos últimos resultados de leilões e licitações, deverá mostrar que a gestão com foco na eficiência e qualidade dos serviços para a sociedade vai muito além do olhar sobre a tríade CAPEX(investimentos) x TIR x Outorgas.

As mudança iniciadas não devem limitar as possibilidades de inovação real, considerando modelos únicos como a saída que será bem avaliada pelo tamanho do CAPEX ou da outorga. A realidade nacional, fora dos limites de poucas zonas privilegiadas nas regiões metropolitanas e grandes cidades, indica, salvo engano, que às vezes, cada caso, será um caso.

Levar mais conhecimento e atuar de modo mais intervencionista que como fornecedor de diretrizes, pode ser uma necessidade a ser suprida pelo Governo Federal para dar segurança a este “novo” início na história do saneamento.

 

3 Comentários em “Fazer diferente, é a inovação principal.

Marlon do Nascimento Barbosa
10 de março de 2022 em 14:07

Amigo Álvaro,

Sem dúvida alguma, o Brasil é um país plural que requer soluções plurais.

Realmente, um modelo único não é suficiente.

Parabéns pelos brilhantes textos e continue firme nessa jornada!

Grande abraço!

Responder
Álvaro Menezes
11 de março de 2022 em 21:02

Amigo Marlon, não apenas agradeço por ser uma leitor dos meus textos, mas também por ser um motivador para que eu continue escrevendo e submetendo minhas opiniões, ideias e reflexão a pessoas como você.
Obrigado.

Responder
Romildo Guerrante
1 de abril de 2022 em 01:51

Estou esperando meio desanimado os investimentos na bacia do Guandu para reduzir a carga orgânica no manancial que abastece o Rio.

Responder

Deixe uma resposta para Álvaro Menezes Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *